SONHEI QUE ESTAVA ANDANDO NA LUA

 

     Achou e viu o que nunca imaginou?

Ou imaginavas [somente tu] e finalmente encontrou ou se realizou?

        Nem toda crença é falsa no que nasceu de seu espírito vivo

   Ao que nem tudo é tão somente fantasia

 Ou, quem sabe, nem existe o que se chama de "fantasia"

 

  Não digas ser algo impossível pelo que “ainda” não “aconteceu”

      ou porque também ninguém viu

  Sempre haverá um tempo para a sua realização

     Basta saber esperar... e, sobretudo, acreditar

 

 Não acreditas no qu’eu creio ao que me chamas de louco, eu sei

    E até ri de minha cara

  Oh! quer saber?

        Problema seu

 Eu acredito e, por isso, tenho certeza

   Toda realidade nasce d’uma “semente imaginaria”

 

 E o qu'eu, pois, sonhei?

   Sonhei qu’estava caminhando na Lua

        Que viagem!  

    Ou será que não?

Àquela que a Terra vê e que por ela é vista... [a própriaTerra]

   Tão próxima [d’ela] e para nós a parecer... tão distante

       A ser um paradoxo

E que por isso mesmo muitos acham ser loucura o simples fato

  de co’ela alguém sonhar em seu solo caminhar

 

        Outrora isto seria, sem dúvida, impossível

 Todavia, não pra todos... agora

   E minha imaginação a abraça com gosto

       E o que seria a vida sem ela – a imaginação?

 

 E então, seria possível sonhar... com o impossível?

     Não creio... no impossível

 Quando (ou já que) é possível sonhar co’ele

 

   Há quem diga nos dias de hoje (é verdade) que o Homem jamais

      pisou na Lua

        Será que não?

   Não creio no que disto se é dito

         Bobagem, pura ignorânica

     Ah! melhor deixar p'ra lá

 

     E no qu’eu creio?

Ou, melhor, por qu’eu creio... no que creio?

 Pela simples razão de que foi justamente porque alguém

     sonhou em um dia lá chegar (na Lua) é que tal foi possível

 

  Na verdade, só se vê (algo) quem um dia acreditou (e antes imaginou)

Já que caso não se creia não se pode [jamais] ver... nada

   Nesta ordem a ser diferente da de Tomé o qual precisou ver

        para [só assim] depois acreditar

 

    Repito:

 Só se pode sonhar... com aquilo que é possível

     Só se pode imaginar o "realizável"

 

    A lua, sem dúvida, foi um “sonho demorado”

  Contudo, se realizou

        E aqui eu pergunto:

E se ninguém jamais houvesse co’ela “sonhado” [em n’ela chegar]

    como tudo seria?

 Certamente o Homem não teria tocado os seus pés

 

    Sonhar!

 Que, afinal, quer dizer?

       E nest’hora eu afirmo:

  Todo sonho vale o tempo de quem o sonhou

E quem não acredita no sonho d’alguém não tem o direito de dizer que

      tal pessoa é louca (no que sonha) ou que seu sonho será pura

    perda de tempo

 E vou mais além ao que arrisco dizer que o sonho é “quem” procura

      o seu “digno sonhador”

 

    A Lua... não está longe de nós... que habitamos sei lá se n’uma Terra

       perdida no ilimitado espaço

 Esta mesma Terra habitada por tantas pessoas que anularam

          o se direito de sonhar

 

  E assim, a Lua é testemunha ocular no que contempla o tempo todo

     [de seu lugar]...  uma Terra tão sofrida e, por isso, tão triste!

  A Terra tão próxima da lua

      Mas de seus habitantes... tão distantes da felicidade

 

 

Carlos Renoir

Rio de Janeiro, 10 de maio de 2023

 

IMAGENS: FOTOS PARTICULARES

 

MÚSICA: “A LUA” - MPB4

https://www.youtube.com/watch?v=AVeVcsHGKIs