PLANETA NADA

 

Ao ver esse meu mundo, choro lágrimas de tristeza, e na angústia vislumbro, por entre o imenso nevoeiro das mais puras pobrezas, apelos de vozes mudas, num pranto de incertezas. Olho a meu redor, abro os olhos e nada vejo, contorno uma esquina, e nela se esbarra o desejo de tudo e a ambição do nada. Vou vagueando pelo mundo, descobrindo por este caminho, mergulhado na podridão, deste planeta nada, que só se vê uma estrada. Estrada estreita e apertada, de calçada escorregadia, marionetes desta vida, articuladas pelas drogas, o pão nosso de cada dia. Animação de terror manipuladas por mãos delicadas, sussurros nos ouvidos, aquelas que por submissão se entregam de mão beijada, nas redes da prostituição, caindo na cilada. Debruço-me para observar o balanço do mar, navega-se por tempestades, com ventos fortes a impedir o caminho certo a descobrir. A bússola para de funcionar, perde-se o melhor rumo a tomar. O mundo cai em espiral em forma de tornado, apunhalado pela traição dos que nela não tiveram a condição de poderem desamarrar as correntes de uma prisão, podendo assim em águas calmas flutuar. O assalto é consumado em noites calmas de luar, ouvem-se os tiros a sair de armas construídas para destruir, por crianças que com armas na mão, cravam balas sem razão. Parem os senhores das drogas, os que cultivam para destruir, as vidas de inocentes, que neles ficam crentes, ajudando-os a construir as mansões no seio de suas plantações, escondidas aos olhos dos que cegos querem ser. Fecham-se as portas aqueles que querem passar para a margem certa do rio, em que o perdão é a razão, basta um estender da mão, gesto simples de fazer mas que nem todos pretendem estender. O espelho parte-se de vergonha em reflexos do olhar, chega-se ao fundo da loucura, espreitando a solidão, nesta batalha desigual. Palavras acidas que nos corrói, os corpos gastos de sofrer, será que o amanhã será igual?...Será que não há nada a fazer?... O amanhã será igual se nada hoje se fizer, o tempo passará depressa por nossas vidas…irão ver, batalharei mesmo só, isto sempre direi, e com a arma certa…sempre…sempre vencerei. Pena é, minha lágrima derramar, ao ver este mundo a desmoronar, tentarei sobreviver, para um dia poder minha lágrima limpar.