A velocidade terminal das formigas

O tudo se vê latente

Como uma pressão no peito

Uma dor que não adia

A fome que não sacia

A urgência do agora

Oração sem sujeito

A coisa melhor do dia

Eu vou contar algo longo.

Com rosinhas,

palavras e violões,

estrofes,

bobeiras e corações.

Ou deixe que fujo da rima, falo quando vi o pássaro se chocar contra as janelas-espelho do prédio. Confundir, chocar e cair sem regaço.

Ou conto das coisas menores

O que me desatomiza,

Do colo, ombro e abraço

Que chega e não se avisa,

E me gira em despedaço.

Que faz soar a camisa

Lá bem no ventre do espaço

Posso contar algo zonzo,

das luzes e palavrões,

tonturas,

Perfumes e chorações

Ou deixe que escapo a cacofonia, e conto da liquidez viva, palpável, do que escala o monte até o fim, só pra lembrar que é formiga. E ai quando cai, quando lembra, quando voa, não importa de que altura, ainda continua viva.