Abismo

O desassossego foi o primeiro a chegar. Esse medo apego de sentir a possibilidade do meu mundo ruir mais uma vez. Construí tudo com tanto afinco, com tanto suor, com tantas lágrimas. Mas, é fato, a vida não me aceita acomodada. Escancarei as portas para as mudanças e o universo nunca mais me deixou em paz. Quando finalmente tudo parecia confortável veio a feiticeira e sacudiu o tapete. Espalhou tudo. Pode não ser nada. Pode ser só um susto. Pode ser tudo. Pode ser o inesperado. A questão de existir a possibilidade já é suficiente pra que nada mais seja como antes. Não há exatamente medo, é só um frio na barriga, daqueles que a gente sente a beira do abismo. São apenas aqueles segundos de hesitação antes do salto rumo ao desconhecido. E a vida não é fácil, abriu o caminho para uma nova cura, muito mais profunda, se eu seguir em frente. Se eu estender a mão e me deixar conduzir. Se eu não me entregar ao medo e aceitar que tudo pode ser muito, muito diferente de tudo que já vivi. Atravesso uma ponte, rumo a um céu azul de outono, a imagem onírica entre a moldura das árvores. A ponte sobre o abismo. É preciso cuidado, calma, e paciência, um passo a cada vez. Não existe a outra margem. O ar está preenchido pelo desconhecido. É mergulhar ou esquecer!

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 06/05/2023
Código do texto: T7781467
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