Não Poderia Morrer Sem Antes...
Como foi árduo o caminho.
É árduo, perigoso, sinuosa a estrada, com trechos íngremes, e com pirambeiras.
Às vezes, ficava atolada no poço da angústia, no pântano dos desistentes.
Cheguei não importar com olhar do outro de dó, vendo o estado desolador que criei para ser.
Vivi no fio da navalha para perder a rota de vez da vida.
Chafurdei na lama onde fica aqueles que procuram alimentarem-se da insatisfação que nunca é satisfeita.
É...viver a angústia tem destas coisas...por vezes, o corpo que porto, de princesa, com toda perfeição e beleza herdada da genética, dos meus ancestrais, com toda inteligência para viver como quisesse a vida, escolhia a mordaça, e a escuridão de sentido.
Não era o quartinho do fundo da alma que passei almejar, nem o buraco que a avestruz enfia a cabeça para caçar alimento, era querer acabar com a dor da tristeza que dia a dia ia aumentando no peito por estar viva neste mundo de coisas.
Até que, de tanto esperar que a dor passasse, fiquei num hiato, nem morrer, nem viver eu queria, mas sim, no hiato...acabar com aquela angústia no peito por ser gente neste mundo.
Ah!!! A resposta veio, como um tapa pelas costas, uma paulada na cabeça de não sei quem.
A casa caiu, a casa caiu!!! Eu não tinha experimentado nem um mindinho da tristeza que passou emergir da alma.
O processo é lento.
Era a ponte, o corpo físico que deu um basta. Caspita! começou não querer funcionar mais para eu continuar na boneca de pano, a moça feliz, para esconder o ser triste.
A casa caiu.
Veio aquela escolha que nunca tinha feito. Não! Eu quero vida!!! Eu quero vida!
E até hoje não quis outra escolha, senão está...não!!! Eu quero vida!
A glória maior é a satisfação interna, saber que eu não poderia morrer sem antes ter me tornado aprendente do amor à vida.
Consigo respirar e sentir gosto por isto. Amo música, amo ouvir os pássaros cantando pela manhã.
Mesmo que flamba no peito uma dorsinha, a tristeza de ser gente neste mundo de coisas, dores e expiações.
Não poderia morrer sem antes ter sido encontrado Eu, feito prova D'Ele em mim, que me tomou e diluiu-me Nele, até ao ponto de não ser mais aquela que vinha.
A não ser Nele.