"Outonando"
Como é bonito ver o crepúsculo estender loirices pelos cantos do céu, aonde o sol se deita acendendo estrelas, como se fossem velas para uma oração de descanso e boa noite!
E quando tem luar é como abajur que fica no canto da cabeceira, onde o relento da noite encosta a cabeça e se permite sonhar.
O frio chega de mansinho, se acomoda pelos ares e fica a soprar ventos rasteiros pelas ruas e campos. As folhas se matam de saudades da beleza verde que tinham e caem silenciosas ao pé dos caules, então enlutados.
A madrugada é silêncio que ensurdece os mistérios. E no outono, misteriosamente ela despeja cerração na porta das manhãs. É como se ofertasse vestes brancas para o dia, mas que lenta e despudoradamente, logo cedo vão sendo rasgadas pelo sol com seus desejos quentes de tocar orvalhos, para sorvê-los em beijos de paz.
A alma, tal qual flor amarelecida, navega caudalosa pelos veios de riachos em emoções, que no outono deságuam na gente.