SOL NASCENTE.

Definitivamente, meu olhar sonhador, às grandes cidades, já não mais pertence. Onde os olhos enxergam asfalto, passeiam os pensamentos por vastas gramíneas esparramadas em verdes, deitadas pelo chão. Onde o despertar não se dá às buzinas frenéticas de um trânsito caótico desafiando a paciência, mas sim, aos cantos daqueles que, pelas manhãs, se atiram ao voo e descansam o pouso quando bem entendem. Meus amanheceres refrescados de brisas e umedecidos de serenos têm perfumes e cores, desses, que não se encontram em frascos. E a noite...ah, à noite fagulham chispas por entre lenhas queimando na lareira, confortavelmente, aquecendo corpos. Cenários e canários resplandecem dum céu naturalmente iluminado. As estrelas dançantes, dessas, de enganar a visão quando fingem mortalidade, abrilhantam a noite em luz e claridade. As damas, sempre perfumadas, adentram janelas aguçando olfatos e demais sentidos. A luz interna, entre lampiões, ilumina os cantos quando num esconde-esconde, resolve a lua brincar de estripulias. Transborda vida em águas nascentes, renasce energia em tardes poentes. Viajam meus sonhos por estradas de terra, pousam meus pés, por onde a paz acontece. Das janelas trancadas protegendo do perigo, somente tramelas defendem o abrigo. Ao longe, escuta-se uma viola se aquietando quando o sono demora se deitar. E quando da noite, parido o dia, bem-vindo o Beija-Flor com beijos de alegria! Na rede, um livro a embalar histórias, dessas, de viajar sem se sair do lugar. E, quando em vez, um dedinho de prosa faz-se necessário, e causos de acontecência verídica começam a se revelar. Desses, que todo poeta sabe inventar...assim, há de ser o meu lugar.