Eh, mas que tal o amor?!...

Que tal mesmo, esses sofridos e idolatradores amores? Esses divinais e nem sempre perenes sentimentos humanos, bem que eles poderiam nascer no cérebro, nosso berço natural da razão, ao invés de assim quase naturalmente germinarem e tantas e tantas vezes nos fazerem sofrer, sofrer e sofrer, enquanto nascem e crescem frondosamente em nossos então amolecidos corações... Sofrer, sim, sim, sofrer! Sofrer, sofrer, e mais ainda sofrer, ao amarmos até ao ponto de chegar a idolatrar quase absurdamente alguém absolutamente comum aos olhos de terceiros. E que tal os processos de fundição, escultura, artesanato ou lapidação, onde os minerais e demais elementos naturais também sofrem as mais diversas agressões, até serem assim transformados em algo aparentemente melhor que seu estágio anterior?

Nas delicadas questões amorosas só não sofrem assim como as matérias-primas nas mãos de seus artífices, aqueles que recebem incondicionalmente o mais puro amor de alguém e que praticamente nada retribuem em termos sentimentais, pois os quase completamente bobalhões e bobalhonas que amam verdadeiramente e dedicam tal amor a determinadas terríveis pessoinhas egoístas e ambiciosas, quando não completamente gananciosas e até mesmo psicopatas, esses pobres seres humanos amantes pela própria natureza, ao se apaixonarem perdidamente por tamanhos canastrões ilusionistas sentimentais, tadinhos, nem percebem que ao invés de receberem de volta um naquinho que seja do seu devotado amor, mera e porcamente acabarão personificando aqueles pobres coitadinhos dos melosos dramas televisivos, isso que comumente tantas lágrimas vertem em seus sensíveis semelhantes sentimentais...

Sabe aqueles (bem mais ainda aquelas...) que são felizes, bem felizes! por um minutinho fugaz... mas que logo em seguida se desmancham feito manteiga ao fogo, em miserabilizantes e chorosíssimos ais, ais, ais, pelos próximos intermináveis cinquenta e nove minutos de cada horinha sofridamente sobrevivida?

Pois é...

Agora pensemos naquelas ciclicamente felizes, infelizes e enganosamente desinfelizes criaturinhas humanas, sempre e sempre desesperadoramente dominadas pelas escravizantes paixões carnais! Esses aviltadores sentimentos animalescos, tantas vezes desgastantes e empobrecedores, enquanto moralmente aniquiladores, fatais e mordazes, pois tantas e tantas vezes pré-moribundos e enlutadores... Mas pensemos também nas tantas e tantas vezes que nós mesmos as personificamos, ai, ai, ai...

Armeniz Müller.

...Oarrazoadorpoético.