Um brinde a sós
Um pedaço de noite cai na minha poesia. Sem estrelas, sem luar, apenas silêncio. A saudade possui trajes que se rasgam com os desejos da gente. É que depois que passa, sempre pensamos que podia ter sido mais, ou apenas diferente. Mas a vida é tal qual coleção de fotografias encerradas nas molduras do tempo.
A solidão é como o acender das luzes sobre um palco vazio. Sem show, sem platéia, apenas com a idéia do espetáculo que não acontece nunca. É exatamente um vazio tão cheio que a distância transborda com suas lonjuras estendidas.
A noite escorre lentamente pelos ares. O escuro é lente para enxergar receios e é lenço para esconder e secar chuvas nos olhos.
É que as solidões são de amores.
Escandalosas e despudoradas são as canções e poesias quando verdadeiramente falam de sentimentos, porque se despem inteiras diante da gente.
Pego uma taça de vinho tinto e aqui desse pedaço de noite, viajo na claridade de um sol que nasce na beleza do rosto e do corpo dela.