Solitude

Entre o avesso e a leveza os dias seguem pacíficos. Amenos. Feito mar de águas calmas depois de uma grande tempestade. Não há nenhuma intensidade. As estradas estão desertas. E não sei o que eu faço. O que faço com essa vontade louca de te sentir só mais uma vez. Tocar seu rosto. Sentir o teu calor. Respirar o teu cheiro e me inebriar. O que faço com essa saudade?

Como vou conseguir limpar todos os destroços das ruínas de quem eu fui? O que eu faço com tudo isso? Toda essa bagunça que restou das minhas escolhas. Quando eu disse adeus, e soube que seria pra sempre, não havia coragem, certezas, planos. Eu só precisava respirar. Tudo pela sobrevivência. Despertar era o meu grande objetivo, distante e ainda tão sombrio. Tanto tempo depois eu continuo sem saber pra onde ir. Apenas fechei as portas e sei, não posso mais voltar. Nem mesmo para o abraço que me curou do medo de ser sozinha. Quando ele me disse adeus, eu soube que era pra sempre. E o que eu faço com todo esse caos? Com essas palavras presas na garganta, incomodando, querendo existir para além de mim? Já não importam os personagens. Meu caminho sempre foi todo meu. A solidão era uma punição. Já foi para mostrar que eu existia, queria fazer falta. Já foi o meu fantasma mais assustador. Hoje é a companheira mais linda que eu posso ter. É nesse silêncio da existência solo que descubro todos os dias um novo mundo. E o que eu faço com essa solidão repleta da saudade do meu grande amor? Eu danço, eu canto, eu grito, eu vivo!

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 25/04/2023
Código do texto: T7772531
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