No escuro
Às vezes tenho a sensação de estar tateando no escuro,
num sótão cheio de coisas velhas,sem conseguir
entender o real significado dos objetos que foram
largados ao longo do tempo por pessoas que,não conheço
e sobre o qual não fui capaz de descobrir nada
realmente significativo.
São lembranças impiedosas que percorrem
como uma onda triste de música ativando a memória
que assenta como um sopro de saudade;despertando
vozes do passado em acusações ressentidas
como penitência.
Elas persistem por ser a penitência um
sentimento impiedoso e duradouro.
Talvez no final eu encontre uma luz trêmula;
um rasgo minúsculo de tempo-espaço na
poesia derramada.
Talvez!