Paixão
Viver sem paixão , bem o queria
A nada me ligar , a nenhum ser ou posto
Que me fizesse simples
Sem gosto ou desgosto
Apenas ser levada pela ventania
Pelos dias sempre azuis eu sorriria
Das mágoas que veria em outros rostos
E nada disso me afetaria
Seria bem feliz neste entreposto
Viver sem paixão sem me deter
Neste sentimento puro e louco
Compreender os que o procuram pois vicia
E assim bem feliz eu o seria
Correria pelos campos leve e solta
A apanhar as flores que vadiam
Que nascem sem querer pelos baldios
Mas que ajuntadas enfeitam vasos
Mesmo os toscos
Ao ver-te agarrado a esta emoção
Ajoelhado aos meus pés pedindo luz
Alegremente o empurraria
Entregar-lhe-ia uma cruz
Mas nada disso posso ser
Sou frágil à mais morna brisa
Quando passas orgulhoso nem me vês
Segues enfeitando a tua estrada
Fico a remoer minha jornada
Estéril, dolorosa , sem premissa
Sinto a alma dilacerada
Sinto que assim devo morrer
Tolamente ensandecida