UMA VIDA SIMPLES
Não me explicaram quando criança que
amar alguém era algo difícil. Não me ensinaram nas escolas a lidar com perdas, frustrações e decepções.
Ensinaram-me química, mas não a química dos corpos ou a falta dela. Ensinaram-me matemática, mas não me ensinaram que nem sempre dois é mais que um na vida de um casal.
Ensinaram-me português, mas não me disseram que as palavras continham espinhos. Não posso entender por que nas escolas não nos ensinam sobre a vida: sobre sentimentos, amores e dores.
A gente cresce sem crescer direito e aprende vivendo, caminhando torto, se machucando e machucando o outro.
Tenho esperanças que um dia, as crianças
de todo o mundo tenham aula de bem viver,
de bem querer e que vivam em ternura. Aí sim, vou acreditar que a nossa vida será muito mais do que linhas obscuras.
Vamos sentar e falar o que vai dentro da gente. Sem medo de sermos criticados, julgados ou discriminados.Vamos ter peito livre para amar, por que o mesmo não estará confuso, difuso e dilacerado.
È este o meu sonho permanente: desejar que aprendamos mais sobre gente. Hoje, o que chamam de utopia, talvez venha a ser a vida um dia.
As escolas precisam ensinar sobre a vida. Precisamos não de mais professores, mas de mestres, mestres da alma humana. Todos precisamos aprender sobre a vida.
Que tempo será que o mundo acordará?
Que tempo é este que não entendemos o que nos vai na profundeza da alma? Solidões conjugadas numa sociedade de consumo, de imagens deturpadas e destrutivas.
Quero a comunhão entre pessoas.
Sinto saudades das casas sem muros e dos seus roseirais. Saudades do cheiro da quitanda, do café sendo coado e das vozes amigas na varanda. Pessoas reunidas simplesmente vivendo a vida.
Precisamos de algo mais?