Além da Caverna

Da inércia à proatividade. Do silêncio ao pensamento acelerado. Difícil encontrar o fio do rumo. A linha tênue da atenção plena. Superar a síndrome da avoadinha. Será mesmo que eu não trarei gasolina pondo fogo na casa sem querer? É delicioso o processo de acordar. Sentindo que a vida desperta dentro de mim depois de longo período de hibernação. Com todo esse movimento, porém, a loucura parece mais próxima. A distração é uma armadilha fácil. O sol chega deixando tudo iluminado demais. Dá aquela vontade de dançar, soltar o corpo todo, pés descalços, cabelo livre. A leveza espreita. O avesso pede passagem. E, claro, a paciência já não tem paz. O cansaço está ali, debaixo de toda essa energia que pulsa. A criatividade quer construir beleza nas poças de caos. Os olhos pedem generosidade. A amorosidade quer se manifestar além dos receios tolos, das inseguranças bobas, das certezas inúteis. É uma vida nova que vem chegando. Uma outra versão em sementinha. Pedindo gentilmente que o passado fique em seu devido lugar. Que as despedidas aconteçam sem dores desnecessárias. Deixa o novo desfilar. Lindo, luxuoso, brilhante feito o ouro alquímico. Mágico. Sagrado. Hora de fazer uma reverência. Virar as costas. Fechar os olhos. Respirar fundo. Abrir as portas para receber o mistério de ser inteiramente outra, totalmente impregnada de todas que já fui. 

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 11/04/2023
Código do texto: T7760922
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