REGISTROS LITERÁRIOS DE HUMILDES CAMPONESAS

​​​​​​     Dos agrestes e sertões partiram a simplicidade e a esperança, a religiosidade, a coragem e a confiança em busca da liberdade e da sobrevivência, fazendo de suas existências, possibilidades de semear uma educação que ultrapassava o colher do algodão e adentrava num universo de singelas orientações que marcaram os registros literários de humildes camponesas.

     Em períodos de secas e longas estiagens retornavam ao litoral com panelas de barro, cestos e balaios na cabeça, um artesanato que descrevia momentos históricos, crenças e tradições sertanejas que construíram as vivências de professoras leigas que traziam nas mãos calejadas, os sinais de uma vida de trabalho dura, mas ao mesmo tempo escreviam com a alma, valiosos fragmentos literários de uma história jamais esquecida.

​​​​​​     Memórias de suas infâncias, dos sobreviventes de uma guerra, chegando a um mar de sentimentos, dos navios que trouxeram histórias de sofrimentos, das grandes romarias e das longas estradas percorridas pelos sertões, cordéis carinhosamente vendidos que escritos à mão demonstravam a dignidade como símbolo de uma escrita artesanal que expressava a sensibilidade dos corações de trabalhadoras rurais.

​​​​​​     Nesse mundo de emoções e compreensões, pode-se reconhecer que a simplicidade e a esperança mereceram ser homenageadas, aplaudidas e valorizadas pela luta, esforço e dedicação.

​​​​​​     Foi com esse olhar de humanização que uma história foi construída, a gratidão e a literatura ergueram um espaço que ficará guardado na memória de todos aqueles que enxergavam na educação um caminho para transformação social. Esse ambiente foi um motivador para simples camponesas que proferiram palavras de sinceridade, uma gestante agradecia com dignidade, a grandeza de ter sido reconhecida com respeito e admiração por seu trabalho, sua história e suas raízes.

​​​​​​     Assim, seis anos mais tarde, a semente de seu coração, acompanhado de sua inspiração confirma no mesmo espaço, o quão valioso foram as aulas ministradas, as saudades e recordações dos momentos vividos, preciosos fragmentos em manuscritos, cordéis recitados e sentidos, carinhos oferecidos, registrados e abençoados por camponesas que dedicaram parte de suas vidas a uma gratificante missão, acreditando que o amor é capaz de transformar sonhos em realidade.

Observação:

A imagem foi retirada do site do Paróquia São Francisco Xavier, Niterói-Rio de Janeiro . Tema: "Jesus, a semente que não cessa de germinar frutos".