Feitiço

Profundas transformações…Novamente? Seria eu outono? É nessa época que deixo as folhas caírem para me recolher no inverno e renascer na primavera. No verão eu vou brilhar, arder e finalmente descansar… E novamente vou começar um novo mergulho. Bastante distinto, ainda desconhecido. Como este, em que fui eu a provocar a dor, eu me machuquei, me feri para seguir em frente no processo da autocura. Cortei minha alma quando abri os portais das memórias ocultas. E deixei que viessem feito correnteza de mar na escuridão da tempestade. Essa dor consciente, lúcida é que me reconecta com a verdade congelada no tempo. Me ressuscitou do longo coma, daquele tempo em que a vida acontecia além de mim. Que julgava a morte a sina da vida. Não há tristeza depois de tempos tão apáticos. Lágrimas sim. Elas descem desobedientes, lavam, purificando meu coração. E como voltar pro mundo cotidiano com todo esse caos que aqui dentro se instalou? Com o sorriso no rosto, sempre! Saudando a bênção de cada dia. Deixa dançar a feiticeira nos cânticos de cada ciclo. Serei essência pura ainda que a estranheza me faça companhia mais uma vez. Sem medo, sem sustos eu vivencio a beleza desse tempo outonal. A solidão deixa tudo com um encanto mágico. Domada pela razão deixo a emoção fluir por mim e me entrego. Sempre agradeço. E confio na sabedoria infinita e generosa do universo. A felicidade é este caminho. De se fazer chover para renascer puramente sol.

*Si*