Corpo estranho

As coisas que eu sei e as que não sei vão se misturando, amalgamando. Como é ruim sofrer pelo que não se sabe. Do que se sabe ao menos se remedia, toma providencia, ou...ou...apenas se conhece a dor e se prepara para recebê-la, uma visita, velha conhecida.

Mas e a dor desconhecida? O que fazer com ela? O que fazer com o que não se entende, se diagnóstica. Você vai ao médico, é tratado, examinado, furado, picado, te tiram sangue, te colocam de cabeça para baixo, e aí, no fim, te entregam num vidrinho, um corpo estranho. Quando pergunta o que é, dizem então que era isso que te fazia mal, dizem também que conseguiram retirar dessa vez, mas que rapidinho já pode crescer de novo, pois afinal era um corpo estranho. Corpo estranho.

Mas e então, quando vem a dor estranha junto da conhecida, aí que tudo fica confuso, porque já não importa o que é o que. No líquido do vômito tudo vira um só. Da garganta até a forca, tudo vira nó. Não me entenda mal, sério, eu só queria que deixasse de ser vasto. Talvez não saber das coisas conforte por um lado, complete, mas por outro, impede que o que dói seja fronteiriço.