Futurismo

errático

o verbo

estático

berra

desacordos

o pecado

bem sabe

que erra

ensimesmado

se agiganta,

mas não sabe

que manca

da guerra,

fagulha e fogo

poço profundo

submundo

dos chifres

o lume faísca

risca-faca

fere a face

antes fosse

evitável

a morte,

mas o corte

apenas

sangra

goteja

enfraquece

mingua

envaidece

a trincheira

inimiga

mas a briga

esquenta

aumenta

a potência

dos reatores

as usinas

enriquecem

urânio

um gerânio

nasce em vão

nas bocas

de paz

e fleuma

vê-se

é mandatório

o esgotamento

da seiva

orvalhada

de humanidade

o futurismo

de Marinetti

chegou

em crueza

veloz e audaz,

tecnológico,

irrefreável

hoje,

ainda hoje

a voz se emula

a prescindir

da boca

simula-se

o pensamento

fora do cérebro

terceirizada

a dor não dói

ao modo clássico

no máximo

curto-circuita

e dá-se o luxo

da automedicação

a pílula

da questão:

prescreve

compra

e toma

seu próprio

remédio de

autocorreção

tudo perfeito

todos a salvo

o algoritmo,

o chat

e a pureza

das almas

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 03/04/2023
Reeditado em 03/04/2023
Código do texto: T7754993
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