Futurismo
errático
o verbo
estático
berra
desacordos
o pecado
bem sabe
que erra
ensimesmado
se agiganta,
mas não sabe
que manca
da guerra,
fagulha e fogo
poço profundo
submundo
dos chifres
o lume faísca
risca-faca
fere a face
antes fosse
evitável
a morte,
mas o corte
apenas
sangra
goteja
enfraquece
mingua
envaidece
a trincheira
inimiga
mas a briga
esquenta
aumenta
a potência
dos reatores
as usinas
enriquecem
urânio
um gerânio
nasce em vão
nas bocas
de paz
e fleuma
vê-se
é mandatório
o esgotamento
da seiva
orvalhada
de humanidade
o futurismo
de Marinetti
chegou
em crueza
veloz e audaz,
tecnológico,
irrefreável
hoje,
ainda hoje
a voz se emula
a prescindir
da boca
simula-se
o pensamento
fora do cérebro
terceirizada
a dor não dói
ao modo clássico
no máximo
curto-circuita
e dá-se o luxo
da automedicação
a pílula
da questão:
prescreve
compra
e toma
seu próprio
remédio de
autocorreção
tudo perfeito
todos a salvo
o algoritmo,
o chat
e a pureza
das almas