Caraguá
Sem nenhum pudor as montanhas se impuseram sobre o horizonte, e o sol bravio se alargou sobre o mar, em dias prembulares de abril.
As recordações nunca farão justiça ao instante-já, aqueles momentos irrepetiveis vivenciados em Caraguá. A memória não cria natureza, mas apenas distorções da realidade.
O andar sobre a areia, a onda balançando o corpo, o gosto do sal na boca, o toque ardente do sol, nada disso pode ser escravo da lembrança: recordar é um esforço inútil de repetição.
Todavia, há possibilidade infinda de se viver o novo, pois quando eu regressar (e hei de fazê-lo) eu já não serei o mesmo, e tampouco o lugar.
Assim, só assim, costurar-se-à outra realidade, que insistiremos em recordar; coisa do Atlântico, coisas de alto mar. Em aguas calmas ou turbulentas, sempre vamos navegar! Seu Martim, simbora pra lá?