A VIAGEM

A viagem aérea entre Florianópolis

e Campinas duraria  uma hora ou uma hora e cinco minutos. Ao decolar, um barulho esquisito, meio sinistro acompanhou a subida. Parecia um automóvell derrapando na curva. Poderia ser a curva do vento, sem alento, naqueles ares coloridos das montanhas e mares.

 

Para o evento... as mulheres estavam bem vestidas, produzidas, cabelos escovados, alegres, faceiras...

Ao chegar ao destino... arremateu o avião. Poucos perceberam. Logo o comandante anunciou a instabilidade  do tempo que não permitira pouso.

 

Outras cinco vezes... a tentativa de colocar a aeronave no chão... não acontecia. Comissárias tensas, homens curiosos, cheios de soluções e coragens.

 

A hora passando... avião circulando, virando roda pelos ares, parecia um pião nas mãos da molecada.

 

Depois de umas quatro horas no ar... foi anunciada a descida noutro aeroporto,  o de Guarulhos, para abastecer a aeronave,  sem previsão de sucesso numa possivel aterrissagem no Aeroporto de Viracopos. E, também, para os cuidados médicos  com as pessoas assustadas.

 

O pânico foi tomando conta... principalmente das mulheres. Os cabelos escovados já não existiam.

Pressão arterial...  espalhada  nas alturas. E ... no estômago...  percorria o frio e o vazio do deslimite do enjoo, da fome e da sede.

 

Eu estava sentada ao lado de uma moça, vinte e poucos anos, engenheira...  carregada de fobias.

Ela me perguntava... a senhora não está nervosa?

E eu dizia...não!

Pensava comigo.. adianta?  Não dá nem para pular a janela para o além.

Se chegar a hora da viagem final...pedir socorro a quem?

 

A vida é um sopro. Hoje aqui... amanhã o que será?

Depois de cinco horas e meia... chegamos a Campinas com os meus cachinhos no mesmo lugar.

 

Carpe Diem!

 

 

 

 

 

 

Foto by Zaciss