SER OU NÃO SER???

Fui criado em uma família católica. Na chácara da minha avó havia uma linda capela construída pelo meu avô a Nossa Senhora Aparecida. Todos os domingos o padre vinha da cidade mais próxima e rezava missa para as pessoas do vilarejo que havia próximo a chácara. No casarão havia um quarto reservado onde minha avó guardava todos os paramentos de caráter sagrado do padre, os objetos dourados usados durante a missa, e também outros para os dias de procissão. Um lugar mágico para mim ainda uma criança.

Aos domingos depois da missa o padre almoçava com a nossa família, havia uma sala com uma mesa enorme onde todos se sentavam, era um momento sagrado, de muito respeito e comunhão, inclusive para as crianças.

Durante minha infância e adolescência pensava seriamente em me tornar padre, minha avó uma católica fervorosa (trabalhou incansavelmente na Liga das Senhoras Católicas durante a Revolução de 1932 em auxilio as tropas Paulistas, passagem da sua vida que ela contava para os netos com muito orgulho), ela sempre me incentivou, seria uma honra para minha avó ter um padre na família.

Infelizmente ela faleceu quando eu tinha 16 anos.

Com a aproximação da juventude eu percebi que não suportaria o celibato, e definitivamente abandonei a ideia de ir para o Seminário.

Minha paixão pelo sexo oposto, e a ansiedade em casar, ter filhos, constituir uma família, foi maior do que os meus propósitos religiosos.

No entanto, durante todos esses anos, a minha fé em Deus em nada mudou, sempre foi a mesma até os dias de hoje.

Duda Menfer
Enviado por Duda Menfer em 02/04/2023
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