Socorro, mamãe!...
Cadê você, querida mãezinha! e aquele meu aconchegante colinho protetor?
Quem me dera poder voltar aos meus tempos de criança, mesmo quando ali então uma criancinha carente de quase tudo... Menos do amor, carinho e proteção de minha sacrificada mãezinha tão querida.
Que pecado! Logo ela, tadinha... Que após tanta dedicação e magnânimo afeto maternal, voluntariedade e sofrimento sacrificial, bem logo também passaria a ser gradual, desumana e egoisticamente desvalorizada, como tantas sacrificadas mãezinhas mundo afora...
Será que sem ao menos perceber ou querer, eu também acabei sendo mais um desses quase monstros familiares, dentre tantos desamorosos filhos frios e mal-agradecidos, esses que “modernamente” tanto os vemos pelaí?
Por outro lado, eu sei, hoje isso mui bem sei!...
...Que a cada vez que autorizo meu passado a continuar assim vivíssimo em mim, mais e mais estou reafirmando esta minha já folclórica covardia e desalento para enfrentar os amedrontadores desafios do presente.
Sei também que de tais prementes e positivos enfrentamentos, sejam ou não vitoriosos e retumbantes, dependem minhas futuras performances...
...Performances tais, todas certamente aditivadas com suas próprias cotas de sacrifícios, mistérios, decepções ou galardões.
Como também não posso esquecer que o mero fato de aceitar conformadamente seguir vivendo no passado, oh vida, oh céus! Seja no âmbito mental, material, sentimental ou espiritual, isso tudo representa para mim uma espécie de zona de conforto, retrógrada e psiquicamente perigosa zona de conforto...
...Isso eu também sei.
Afinal, de uma ou de outra maneira, tudo ali no meu remoto passado já foi superado...
...E hoje trago gravados em caracteres de ouro provado em meu coração, ou mesmo a ferro quente nos lombos, ai, ai, ai, os seus benéficos ou maléficos resultados.
Primordialmente, almejando continuar a viver até o cumprimento natural do meu tempo secular determinado pelo Senhor...
...Finalmente reconheço que, mesmo assim respaldando-me saudosa e perigosamente no meu passado, dia após dia devo seguir reinventado a minha própria história.
Até mesmo porque viver o futuro do próprio passado, isso é relativamente fácil...
...Mas construir racional, corajosa e carinhosamente o nosso inexorável futuro, principalmente se isso for feito a partir de um presente assaz pedregoso e quase desalentador, isso sim confirmará em cada libertadora individualidade um esperado valor amorosa e humanitariamente evolutivo!...
Sigamos assim...
Armeniz Müller.
...Oarrazoadorpoético.