O JARDIM NAS RUÍNAS
Senti de longe, trazido pelo vento,
aquele cheiro de tristeza...
Apressei o passo, virei na esquina,
a moça sentada na calçada,
cabeça baixa, procurava no chão,
as respostas que ninguém deu...
Em posição de prece,
segurava entre as duas mãos,
um bilhete machucado.
Que dor tamanha é aquela,
que um papel carrega sem remorso...?
Parei na frente dela, toquei o ombro,
a cabeça se ergueu pesando como o mundo,
não pedi que parasse de chorar,
não tenho esse diteito,
apenas falei que a vida,
com a ajuda de Deus, de tudo cuidaria.
Ela me olhou, sorriu...
minha camisa abotoada errado,
serviu para algo bom.
Segui deixando ela me olhando,
parei em frente uma casa abandonada,
paredes descascadas, ruínas de um lar.
Numa rachadura, uma flor brotava...
Nem sempre se percebe,
mas, em todo sofrimento,
a beleza não tarda em voltar.