O silêncio do Caos

Nesse silencioso vazio de ausentes palavras encontro folhas amareladas pelo tempo e sentenças tão perfeitamente atuais. Ah! De jeito algum vou me deixar seduzir pela mágica de trazer o passado para fazer a realidade. Quero o esforço criativo. O suor da labuta inquieta. A partir do nada ser para criar um novo existir. Não, já não desejo os versos atemporais, quero o frescor de outros tantos em outras vestes… Quero romper as barreiras desse silêncio, deixar as palavras que vêm trôpegas e confusas na escuridão da madrugada conhecerem a luz de um novo poema.

Dia desses me perguntaram se ainda sou poeta, como se fosse possível dissociar-me da poesia. Como se ela já não me fosse como um sobrenome estranho, não por laços de sangue, mas de alma. Ainda que nada faça sentido, que toda lógica se ausente, só quando me desmonto e me recrio em palavras tenho uma verdadeira noção de mim.

Nada sou além de versos. De caos e ritmos ausente de rimas. Nada me resta, ainda que não me permita pertencer, além de frases curtas e quebras de formas. Eu sou esse silêncio onde ecoam as palavras que desejam nascer. Eu sou o abismo onde se lançam os versos que desejam brotar. E mesmo que nada aconteça como o meu mais puro desejo se manifeste, ainda sou poesia, e nada mais.

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 24/03/2023
Código do texto: T7747933
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