Sátira Autocrata

Como bem disse Odisseu na Odisseia de Homero: "Eu sou ninguém, ninguém é meu nome." Não tenho certeza de quem fui, não sei quem sou, como diabos querem que eu decida quem serei pelo resto da vida? Além da morte, tenho certeza de poucas coisas. Sei que a biologia é minha paixão, e espero que seja minha vocação. Sei que gosto de conhecer, mas apesar de os pesares, por ela abro uma exceção. Que aqueles olhos azuis são meus guias, que quero ser igual aquele cara que usa uma camiseta de mesma cor. Sei que é impossível ser adolescente sem sentir dor e que, talvez, a vida adulta me traga muita decepção. Sei que encontro meu escape na literatura, que a dúvida que isso me traz me faz segura. Que talvez a vida seja dura, mas que tudo fica mais leve quando olho para ela. Se amar se inicia com a letra A, não é à toa que também o nome dela. Que talvez deva me expressar com mais cautela. Que me calar é minha maior mazela. Que sonho em viver o que diz minha aquarela. 

Sei que talvez eu precise de um Caminha para receber meu achamento, mas que me perdi ao encontrar estes teus olhos azul-mar. Sei que minha súplica é repetitiva, já que sei de muita coisa, mas como todo adolescente, não sei de nada. Sei também que ser adolescente é ser revoltado, apaixonado, é, por vezes, deixar a família de lado. É se sentir sozinho, sem saber o que fazer. Até que vira adulto, mas sobre isso não posso escrever, já que é essa incerteza que venho descrever. 

Não me canso de escutar "não se afobe não que nada é pra já"(1) mas penso que "A coisa mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais"(2) e "Que é melhor se sofrer junto que viver feliz sozinho"(3) "e sei também que ali sozinha vou ficar tanto pior. E o que é que eu posso contra o encanto, desse amor que eu nego tanto, evito tanto"(4), "Vem você sorrindo e me revira o mundo, agora vou por onde o teu sorriso me guiar"(5).

Referências:

1- "Futuros Amantes" de Chuco Buarque;

2 e 3- “Tomara” por Vinicius de Moraes;

4- “Retrato em Branco e Preto” por Chico Buarque;

5- “A Estação”, por Alice Caymmi.