Cavalgada

Falando assim, inté pode ser bom. Imaginar cavalo andando macio, sem solavanco de estrada. É...pode ser bom sim. Olhar pela estrada, assim, olhar por olhar, sem precisão de compreender, só olhar. Ai, acontece de acontecer de ouvir, meio perto, meio longe, não sei, não muito alto pra parecer perto, nem muito longe que não se escuta. Ouvir o curió, canto bonito, suave, parece que vem embalado em saco de veludo, bom demais. Seguir seguindo, sem precisão de chegada corrida, não, isso é besteira, correr pra quê, pra adiantar tempo, precisa não. Na estrada é preciso aprender que tudo tem seu tempo e sua necessidade. Tem Tempo de parar pra descansar, dar água pro cavalo, tratar de comer e alimentar o bicho também. De volta a cavalgada, olhar cada coisa da natureza como um pedacinho da gente que fica ali, grudado, como o orvalho da noite na mata molhada da manhã. É sim, ninguém é sozinho nesse mundo. Assim vou, sertanejo saudoso do meu sertão. Cheio de lembranças da vida. Na estrada, arribado no meu cavalo, nois dois, feito um, seguimos, nessa estrada sem fim. Falando assim, é bom, sim.