POEMA DESESPERADO.

                                            09-05-1999

 

 

Era azul o teu poema... 

Foi fútil o teu amor...

 

 

Ainda obstinado pelo que me é de direito e por ter afoitamente me comprometido contigo, quando poderia bem satisfazer apenas o meu desfrute, assim escreverei esta elegia, na verdade, uma confissão tardia, e este poema foi um dia azul.

Azul, aquela cor que te vestia e me fascinava, era o infinito que constelava o teu amor fugaz e efêmero e, sobretudo frustrado, enchendo os meus olhos inocentes, bons e cândidos.

É bem verdade que este poema não será mais azul, não que eu assim o deseje, antes pelas circunstâncias vividas e por demais sofridas.

Contudo, ele será tarjado na sua essência pela negritude da dúvida, a cor obscura que se evolou do teu sentimento egoísta.

Fui teu, foste minha!   Até quando?

Agradeço pela tua retribuição feita na carne e no leito, quando falsamente servil me perguntavas se tinha algo a reclamar.

Agora estou partindo definitivamente das tuas mãos, essas mesmas mãos que me afagaram voluptuosamente, mecanicamente, hipocritamente.

Ó mulher oca e fria!

Ó sentina de escombros e frustrações!

Tu eras livre, nunca perdida, pois estavas comigo com muito carinho, obstinação e rara ternura, pois havia te retirado da trilha do desengano e do desamor.

Agora tu voltas confusa para as aventuras, aquelas que somente nós sabemos.

Dói-me profundamente saber que enveredarás por trilhas ínvias e duvidosas, e que, te levarão novamente às novas e doídas frustrações, plangendo assim em lágrimas os desenganos que não te desejaria.

Eu guardo uma peça de seda e não me atrevo em usá-la, para que a tua lágrima de fogo não me marque com mais um dígito, para não ser mais um no teu rebanho de falsos prazeres.

Assim subscrevendo na minha alma com as letras do capricho da tua louca, flébil e inconseqüente paixão.

Ó mulher oca e fria!

Ó sentina de falsos prazeres!

Estou indo embora e não sei para onde vou, e tu trilharás as veredas costumeiras que te levarão silentes aos castelos de sonhos.

Esses modernos e usuais haréns de volúpias, onde naufragarás sozinha, perdida nos sepulcros de amores que margeiam as auto-estradas, em busca da tua realização e da falsa liberdade tão tua.

Descreveste uma curva na rota onde passou o amor, por isso, estou triste, mas sempre estou triste.

Dizias-me que viveste comigo por sete longos anos frustrada, e eu entendi.

Ah! Como eu entendi, pois já vieste frustrada para mim.

Agora acabo de sair dos teus braços e do teu leito, onde eu depositava sonhos reais e carinhos plenos.

Hoje os teus beijos me perseguem como mariposas estonteadas, amar esse amor me é pesado, obtuso e angustiante.

Vieste dos portos onde todos os navios atracam, não quero esse amor de marinheiro fugaz, que beijam, completam-se e vão-se até aos outros portos.

Não quero o amor de borboletas noturnas, que apenas se servem de mim, decaídas e tontas, ébrias por uma rápida retribuição carnal, não quero, de flor em flor repetir o ritual das amorosas abelhas.

O néctar da tua flor eu não polinizei, apenas me satisfiz com a tua louca procura de prazer e orgasmo.

Porém te fiz mãe, coisa, que ninguém jamais ousou e hoje é o teu dia. (09- 05-1999).

Tens sob a tua guarda uma menina, que concordamos chamá-la de JOESA.

É tudo o que eu tenho de mais precioso e sagrado, fruto de um amor que naufragou em ti.

 Cuida dela para mim!

O êxtase do puro amor só aflora aonde há o verdadeiro amor, e ele aflorou em forma de menina, um doce encanto, a minha recompensa por ter amado tanto.

Aquele com quem tu te envolveste e que tu pensas amá-lo, somente colherá no teu corpo aquilo que pouco tens a oferecer, e ele não ceifará o que eu plantei com carinho e dedicação.

Já não se encantarão os meus olhos com os teus olhos, mas para onde eu for levarei a tua dor e a tua indefinição.

E tu para onde caminhares, levarás a minha sinceridade, a minha lealdade, essa feitura digna do meu caráter e do meu sentimento que tu frivolamente pisoteaste.

Colhia flores para ornamentar o teu café da manhã e me pagavas com beijos frios e efêmeros.

Quanta ironia...!

Quanta loucura...!

Quanta hipocrisia...!

 

O meu amor foi tudo o que eu dediquei e o teu, ainda não compreendi, pois era voraz e um tanto medíocre, e agora, estou indo embora amargando o flagelo da traição e da decepção.

Não mais trilharei amores como esse.

Estou triste, mas sempre estou triste.

Escrevi os versos, “Desesperados” que te desesperaram, te elevei às alturas em versos “Angelicus” e tu não eras digna deles, e agora do fundo de ti uma criança perdida me diz adeus em busca de mais uma aventura.

A caça de quê?

Esse amor é uma guerra fria, uma batalha só minha e sem mérito, pois que ainda te amo e tenho que doravante sufocar este sentimento.

Isso por certo eu farei, para criar uma lacuna, aonde alguém possa se estabelecer me fazendo feliz e fazer com que eu te esqueça para sempre.

Fui teu, foste minha! Havia amor?

Não, houve isso sim, um corpo frívolo, numa cabeça bloqueada que trazia traumas e frustrações inconfessáveis.

Um dia chegarás à compreensão do ocorrido, nem que seja no apocalipse final da tua vida.

Despedi-me de ti fisicamente saindo de casa, pois agora já não mais freqüento o teu leito. 

 Despedi-me judicialmente para que tu sejas livre à sociedade e aos teus, e essa liberdade que tu tanto querias, agora a tens.

Faça um bom uso dela!

Agora estou me despedindo emocionalmente, só Deus sabe o quanto me custa escrever desta forma, pois ainda te amo, mas obstinado hei de sacrificá-lo com muita dor, e será apenas estratificado em meus versos na quietude dos meus poemas onde dormirão para sempre.

Deixei para editar este poema somente agora, porque dorme em meu coração uma linda mulher que me ama, e eu de minha parte, a amo misteriosamente e loucamente.

Amo essa linda mulher, e de ti já me esqueci totalmente.

Para nascer, nasci...

Para viver, vivi...

Para amar amei e,

Agora, eu  estou amando verdadeiramente uma linda mulher.

Já não podes dizer o mesmo!

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 11/12/2007
Reeditado em 27/01/2008
Código do texto: T774277