Onipresença ou a maldição de uma mente danificada pelos rastros da memória
O ritual da manhã começa a me irritar. Se não o realizo vou arrastando o hábito, feito aquela velha boneca de pano chão afora, mas ele continua firmemente grudado no inconsciente, a acionar aquelas evocações. Iludo-me, acreditando que passará, se eu o ignorar. Não passa. Qual criança pidona, cutuca.
Sinto essa ligação como um desmedido laço - quem sabe de um multiverso que criamos naquele momento de êxtase? Nele não somos mais nós, mas a réplica é convincente e posso sentir sua boca fremente...
Inventamos ali nova dimensão da senciência e, como um rastro de estrela, imprimimos a dança de nossos corpos, nus, no céu das nossas reminiscências...
Estávamos em transe e marcados indelevelmente pelo impregnar dos feromônios nos chakras, a despertar Kundalini, acionando todas as partições da memória.
O afeto, fragmentado em ínfimas partículas, gravado como perene tatuagem em cada sentido e percepção do mundo...
Indícios de nós dois, a vibrar em uníssono...