Onipresença ou a maldição de uma mente danificada pelos rastros da memória

O ritual da manhã começa a me irritar. Se não o realizo vou arrastando o hábito, feito aquela velha boneca de pano chão afora, mas ele continua firmemente grudado no inconsciente, a acionar aquelas evocações. Iludo-me, acreditando que passará, se eu o ignorar. Não passa. Qual criança pidona, cutuca.

Sinto essa ligação como um desmedido laço - quem sabe de um multiverso que criamos naquele momento de êxtase? Nele não somos mais nós, mas a réplica é convincente e posso sentir sua boca fremente...

Inventamos ali nova dimensão da senciência e, como um rastro de estrela, imprimimos a dança de nossos corpos, nus, no céu das nossas reminiscências...

Estávamos em transe e marcados indelevelmente pelo impregnar dos feromônios nos chakras, a despertar Kundalini, acionando todas as partições da memória.

O afeto, fragmentado em ínfimas partículas, gravado como perene tatuagem em cada sentido e percepção do mundo...

Indícios de nós dois, a vibrar em uníssono...

Lyzzi
Enviado por Lyzzi em 17/03/2023
Reeditado em 19/03/2023
Código do texto: T7742261
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