Palavras
Palavras desencontradas voam
Acompanham o vento calmo
Brincam por entre as nuvens
Pousam no fio de luz
E observam...
Os seres que passam apressados
Só o senhorzinho que não
Passa de cabeça baixa
Olhando sempre pro chão
Numa mão
O carrinho pesado das compras
Na outra
O tempo o leva
Vai; sabendo que ao voltar
Tem alguém que o espera
Ela estará lá, colhendo flores
Para enfeitar a casa
Vi bem de leve, um sorriso
(Aguenta senhor, é só passar a avenida...)
Passa também, mãe e filha
Apressadas, parecem sempre atrasadas
Bem arrumadas passam
Vão para alguma direção
Os carros passam, ônibus, van
Lembra que antigamente
Ali, era uma rua calma
De terra batida, de pedra e pó
E de muita lama, quando chovia
Olha ao redor
Vê, ainda, velhas casas
De alguns moradores antigos
Mas, na maioria...
Cimento, ferros e muro alto
Há também os prédios
Que crescem
Com a velocidade que são semeados
Tem tido a impressão
De não pertencer mais ao lugar
Ainda que mantenha o jardim
Do verde, cada vez mais tem necessidade
E é quase uma vontade de fugir
Ir para o interior
Mas, por enquanto, cria coragem
Bate as asas
E pousa mais perto do chão...