A Caixa
Todos os dias
Crio um lugar vazio
Dentro de outros lugares
Sufocada pela multidão
Acomodo-me
Respiro
Fecho os olhos
Recomeço
No parcial silêncio
Olho ao espelho
E nada está fora do lugar
Mas o lugar me persegue
Torna-se longe
Apertado
Áspero
Barulhento
Deixando-me
Desnivelada
Abro os olhos
Ponho-me a caminhar
Imaginando ter diversas árvores
Que existem isoladamente
Me puxa pra dentro da caixa
Então, sinto o ar fresco
E o prazer da brisa gelada
O sol penetra na pele
E já não penso mais aqui
Viajo para outros lugares
Não sairei, por comodidade
Mas, dela fiz o meu solitário lar
Retirar-se é a minha urgência
Silenciar é calmaria
Basta-me assim
Nada me falta
Nada