A Arte, e o Novo Tempo 39

O palco passou ser espetáculo da desordem. Era uma mistura de homens e mulheres correndo em desatino, em direção ao jovem.

A mãe, segurava-o firmemente por entre seus braços. Sem chance de escapatória.

Até que, dois do grupo, sem muita dificuldade, pegou o pupilo, atando suas mãos, lançando-o como carga viva na garupa de uma mula.

O jovem chorava o choro da liberdade, aquele que por si mesmo revela a machucadura e a cura. Trazia o pus para fora.

Era libertador ouví-lo.

Não, como viver a tortura da experiência de assistir a saída daquelas crianças de suas pátrias, que comumente deixam seus países, fugindo da guerra. Órfãos.

Mudos, com os olhos petrificados pelo horror vivido na mortandade.

Aquele do palco, sairia amarrado, mas como se tivesse sendo arrancado do ventre da mãe pela segunda vez.

Aquele choro foi sentido por alguns, o pouco de plateia que ainda existia, assistindo à peça teatral.

As lágrimas corriam dos rostos dos presentes.

A mãe montou o cavalo.

O filho iria amarrado em uma mula, pareado a ela. O animal seria empurrado por um do grupo

O pai? Como qualquer outro da Cultura Patriarcal. Com o arco engatilhado, a flecha, apontada para a cabeça do protagonista, disse enfaticamente:

---- Do meu filho, cuido eu. Você? Não darei cabo a sua vida por receio de ter que prestar conta a Espiritualidade.

Retornarei para o que tem que ser. Sobrevivência.

Antes do jovem desaparecer do palco, ainda chorando, despediu-se do protagonista.

----Eu sei quem Sou, amigo! Eu sei quem Sou!!

Gratidão! Nunca mais me sentirei só!

Gratidão!

Márcia Maria Anaga( Direitos Autorais Reservados, publicado no site Recanto das Letras)

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 09/03/2023
Código do texto: T7736227
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