A Arte, e o Novo Tempo 38

Obedecendo ao comando da mãe, coloca-a de volta ao solo. Continua a falar como se tivesse encontrado a maior das caças:

__Mãe! Existe uma inteligência que vive atuando para a gente se achar, mãe. Algo que te leva ao sentido, significado de ser gente neste mundo. Existe algo além dentro de nós, que nos indica o caminho, e o propósito. Os dois nos aguardam. Eu os encontrei!!!!

__Enxerga, mãe!! Tu brilhas! Tem contigo o segredo da Grande Mãe! Me vejo! É Sagrada, não somente por ter me parido. Tem algo a mais em Ti que a faz única. Tudo me conduziu para estar aqui.

Olha para ela com fisionomia doce:

___lembra meus medos? Minhas saídas repentinas? O estranho que foi ficando eu com todos?

Vi, que a vida é inteligente, torce para o nosso crescimento, terei que aprender a falar a língua dela, a confiar nela.

A mãe desaba em falas encorpadas de pavor, indignação. Contrapondo à fala do filho, interpõe imperativamente:

__Fala como o louco, filho! Vamos embora. Temos sim, a nossa vida para dar conta. Somos caçadores de recompensa. Esta vida foi feita para o homem e a mulher comer o pão do suor do seu trabalho. E a mulher, a ter as dores do parto, cumprir a função da natureza que a constituiu. Temos muito o que fazer em casa. A recompensa virá de tudo depois que morrermos. O céu nos espera. quem sabe, seremos recompensados por tanto labor. Enquanto isto, vida que segue.

Emerge da face do jovem, expressão como nunca externada. Fria, pura, nua.

Olha para a mãe, depois, a todos do grupo que havia invadido o palco. De um profundo suspirar, resume o emocional que germinou dele no instante:

___ Quanta bestialidade, fiéis ao culto da santimônia. Saber que vivem o justo, o bom, sem o sentido do belo. Santuário de insignificâncias. Saber que vivi delas. ..Deserto de ossos secos...

__Está dito!!! Interpõe o protagonista de onde estava. Está dito!

Trago ao palco as aspirações do literato contemporâneo, o escritor Steven Pressfield, autor do livro “ A Guerra da Arte”, embriagado da vontade da eclosão do despertar humano para a tomada do caminho evolutivo, manifesta:

” A Resistência não tem força própria. Cada gota de sua seiva vem de nós. Nós lhe damos força com o nosso medo. Domine esse medo e vencerá a Resistência.

Um escritor escreve com seu gênio; um artista pinta com o seu gênio; todo aquele que cria o faz a partir deste centro sagrado. É a morada de nossa alma, o receptáculo que abriga nosso potencial, é o nosso farol, nossa estrela polar.

Quanto mais importante uma vocação for para a evolução de nossa alma, mais resistência sentiremos em persegui-la.

Devemos fazer o nosso trabalho por sua própria causa, não por fortuna, atenção ou aplauso.

Não prepare. Comece. Nosso inimigo não é falta de preparação. O inimigo é a resistência, nosso cérebro tagarela produzindo desculpas. Comece antes de estar pronto.

Uma coisa é estudar a Guerra, outra é viver a vida de um Guerreiro.

A última coisa que queremos é permanecer como estamos.

Acredito que acima de toda a raça humana haja um super Anjo gritando:

Evolua!Evolua!

Assim que nos afastamos do clarão da fogueira do acampamento, nossa Musa pousa em nosso ombro como uma borboleta. O ato de coragem invariavelmente evoca aquela parte mais profunda de nosso ser, que nos apoia e nos ampara.

"Este homem conquistou o mundo! O que é que você fez?"

O filósofo respondeu sem hesitar:

"Eu venci a necessidade de conquistar o mundo."

*** *** *** ***

Traduzindo o apelo do mais profundo do seu ser, o protagonista finaliza o seu sentir. Agora, na primeira pessoa:

__Até quando seguirão tão somente nos justos e gentis cavalheiros, se nasceram para a luta, cavaleiros! A vida chama! Sobrevivam!

Tornem-se caçadores do belo!

Sobrevivam!

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 07/03/2023
Código do texto: T7734895
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