A Arte, e o Novo Tempo 37
Como que aproximando cavalos e cavalheiros. O menino, ouvindo a movimentação fora, para de circular no palco, em agradecimento da sua percepção de completude.
Pôde ouvir sons do galopar de cavalos, e gritos de cavalheiros.
Vozes, dizendo: É ali! como a procura de algo.
Entraram no palco destemidamente.
Eram homens, dotados de arco e flecha.
Caminharam em direção ao jovem, que, de modo assustado, mantinha olhar estático em direção aos mesmos.
O que parecia representar o chefe da expedição, com a mão empunhada na flecha engatilhada no arco, pronto para atirar no protagonista, disse, em sinal de alívio:
___O encontramos! Sentimos sua falta, estava ausente há mais tempo que de costume. O que faz aqui, moleque. Isto, parece uma pocilga, lugar de faz de conta, coisa de gente que não tem o que fazer, covardes do trabalho que leva ao lucro, e ao sustento para o estômago.
Larga disto, vamos embora. Já te disse que não o levará a nada. Isto é casa de caboclo para preguiçoso, covarde, gente da laia daquele ali.
Logo após, entra uma mulher, não diferente, equipada com arco e flecha. Aproxima do jovem, tomando-o pela mão, segura-o algum tempo suspenso.
Depois que o beija na face, devolve-o ao solo, que permanece de pé em sua frente.
Do olho no olho, não consegue se manter. Cai o menino de joelhos, chora copiosamente. Fazendo o desabafo, abraçando as pernas da mulher:
___mãe! Não me tinha! Nasci de Ti, e não me tinha! Sentia-me como gado, servia à comunidade, a ti, e ao papai, seguia seus ideais. Mas não tinha gosto, de quem eu realmente era.
__Via a Ti, como a mim mesmo, consumidores de carne animal. Cumpridores da natureza do corpo, nascer, crescer, reproduzir, envelhecer, e morrer.
Agora te vejo junto com a glória de Deus. A venero como Portal Divino que me trouxe ao mundo.
Mãe, olhar para Ti neste meu novo ser, faz aqui dentro viver o êxtase da Glória de Deus. O sinto.
Você o representa, Mãe!
Bendito sou, vim do seu ventre!
O jovem, empoderado da Presença Divina, pega a mulher no colo, passando andar com ela no palco, sorrindo.
As gargalhadas passaram serem ouvidas misturadas a fala da mulher, "deixa disto!" " me ponha no chão, filho! ", que não estava sabendo discernir o sentido profundo daquelas palavras que o filho exclamava.