Aguaceiros caudalosos
E quando eu falava das chuvas e no meu quintal floresciam poesias; Eram risos lembrando teus sorrisos. E pelas frestas da janela das minhas saudades, nos teus olhos eu pingava raios de sol fazendo arco íris.
E quando a tarde se aquietava no meio dos meus embaraços, eu ficava olhando as gotas finas que devagar acalentavam o sono do crepúsculo que fitava a cama que a noite estendia em escuro.
E assim as estrelas quase morriam de saudades, ocultas sobre as nuvens. E como se não bastasse, a solidão desnudava canções regidas na orquestra do silêncio. E eu as ouvia pelos cantos vazios da casa. E de novo meus risos lembravam teus sorrisos bailando levemente nos teus lábios macios.
E a então as horas passavam e a noite se eriçava de sonhos, mas eu com minha insônia ficava acordado na realidade de tua ausência.
E assim quando a manhã acordava já lavando os pés na enxurrada, enchia-se de versos espalhados pelas poesias despetaladas nesses aguaceiros caudalosos, mas intermitentes.