SINGELO MUNDO LITERÁRIO
Nas longas estradas da esperança guardavam com sabedoria, preciosos argumentos como lembranças de intensas histórias registradas na alma e no coração de camponesas que aprenderam a enxergar a vida com o olhar da perseverança e a nobreza observada e vivenciada em agrestes e sertões.
Assim caminharam longas distâncias, expressando a simplicidade da vida, com lenços brancos amarrados em suas cabeças e vestidos de chita, as enxadas nas mãos demonstravam uma partilha na luta diária pela sobrevivência.
Ajudaram a construir a história das romarias com preces, orações e ladainhas e uma escrita artesanal que representava uma vivência sertaneja marcada pelos espinhos do mandacaru, mas também pela beleza de suas flores que eram apreciadas e compartilhadas com respeito e gratidão.
Eram como plantas da caatinga, armazenando forças para semear a semente de uma inspiração que ultrapassava os limites do sertão e adentrava nas águas claras de uma imensidão que jamais poderiam esquecer. Plantas com muitas raízes escondidas nas pedras da incompreensão.
Sementes que foram regadas com uma água que brotou de suas próprias motivações, acreditando que ela chegaria aos ternos rios e corações, se espalhando e revelando um oceano de sentimentos e emoções.
Plantas de um imenso semear que por meio da fé, educação, cumplicidade e religiosidade partiram confiantes de que algum dia poderiam ser compreendidas, valorizadas e reconhecidas como seres humanos que doaram parte de seu tempo para construir com orgulho, o mais sincero fragmento de um singelo mundo literário.
OBSERVAÇÃO: Pintura de Theodore Clement Steele