No meio do caminho II
Abra os olhos, moribundo.
vê que não há teu nome
em nada que tu fazes.
Teu espelho é o mundo
e a janela é quem olha
para a avenida apagada
que chamavas de felicidade.
Os acenos replicados
são sinais do lusco-fusco
onde perdeste a si mesmo.
Já não sabes escrever
e conjugas sem pensar,
pois não há conteúdo
em tuas retinas fatigadas.
Tens milhares de afazeres
e de nada te ocupas.
Tens milhares de feridas
que ainda não sangraram.
Tens a dor de um lamento
escondido sob a alma
onde canta teu passado.