TRÂNSITO
Não sei em qual das minhas idades perdi meu talento para rir da tara dos covardes. Dos homens que habitam cavernas morais. De seus fogos que espalham terror em aldeias inteiras e não iluminam nenhum afeto. Não sei precisar em qual esquina nos despedimos, sem rancor, sem a ciência do adeus. Talvez foi de repente que não achei mais graça em ajoelhar-me com eles em seus altares. Um dia, não sei qual, por algum motivo não partilhei mais do pão com eles. Fui descobrindo que minha fome era de outra coisa. Cada vez mais desabitado, me fiz trânsito.