O JARDIM E O SONHO
Caminhava inebriada sentindo o perfume das flores,
Entre os arbustos cheguei a um lindo e colorido jardim,
Ouvia o canto dos pássaros que ali pousavam,
o transitar das borboletas e o suave vôo dos colibris.
A rosa serenada parecia sorrir para mim
com sua pétalas macias e aveludadas,
A linda margarida encolheu-se encabulada,
E a gardênia aspirou o perfume do jasmim.
Destacou-se a orquídea tão delicada,
A dália com a sua simplicidade,
E o lindo cravo com sua singularidade,
O belo girassol com sua espontaneidade.
De longe visualizei o hibisco alaranjado,
A Calêndula imponente e amarelada,
Olhei a acácia, a begônia e o antúrio,
Admirei o amor perfeito lindo e cheio de orgulho.
Fique fascinada aspirando seus perfumes,
O copo de leite ao lado da camélia cheirosa,
A Magnólia perto do hibisco solitário,
Deti-me a admirá-las já a sair pesarosa.
Fique a indagar-me: levo algumas comigo?
Pensei, num vaso elas não terão esse brilho,
Logo secarão e ficarão sem vida, não sobrará nada,
Perderão a beleza, sem o sol, sem a chuva,
Sem as pessoas a admirar sua beleza rara.
Nesse conflito acordei do lindo sonho na manhã ensolarada,
Não havia jardim, nem pássaros, nem perfumes.
Percebi que até as lembranças de um amor se apagaram,
Não ficou tristeza, nem saudades, nem queixumes.