Limbo
O limbo é o pior lugar que uma pessoa pode estar, ela pensava. É um estado de incerteza que mata a alma numa velocidade feroz. É estar em cima do muro e não saber como descer e nem para qual lado ir.
E era justamente nesse lugar que ela se encontrava atualmente. Caminhava no limbo, mesmo não gostando do lugar. Na verdade, nem sabia como tinha chegado lá.
O limbo era um lugar escuro e sombrio, tinha uma névoa escura e espessa que cobria todo o ambiente dificultando a visão. Era impossível encontrar a saída.
Havia muitas árvores ao redor, mas ela só conseguia vê-las quando esbarrava em uma delas por causa da névoa que impossibilitava visualizá-las antes. Essas árvores eram enormes e cheias de folhas que se projetavam para baixo em cascata, com certeza eram bem antigas e contribuíam para a escuridão do lugar.
Ela não tinha medo de estar ali, não era nada tão perturbador quando o que sentia dentro de si. Talvez, se ela estivesse do outro lado do limbo, até poderia apreciar o lugar, ele tinha lá sua beleza peculiar. Mas como ela estava dentro do limbo, ela o odiava.
Queria sair de lá a todo custo, mas quanto mais caminhava, mais fundo entrava na imensidão que era aquele local. Era frustrante andar tanto e parecer não sair do lugar. Tudo a sua volta era igual. Cada passo que dava a distanciava ainda mais da saída.
Era esse estado de incerteza e indecisão que a faziam cansar. Estava com fome, sede e frio, não conseguia enxergar nada ao redor, não havia uma luz sequer para facilitar a sua visão. A única certeza que ela tinha era o que sentia.
Estava cansada de tentar sair daquele lugar, cansada demais para gritar por socorro, afinal, não havia ninguém para ajudá-la mesmo. A única coisa que poderia fazer era deitar e esperar. Esperar que alguém a tirasse daquele lugar, devolvendo-lhe as certezas que ela perdeu.
Mas ela estava cansada demais para esperar, simplesmente deitou-se em meio a névoa e árvores e se deixou levar, perdeu-se dentro do limbo, tornando-se uma parte dele. Uma parte daquilo que mais odiava.