Inesquecível Clarice

Atrevi-me, audaciosa, a conhecer-te

Embriagada das metáforas do teu inconsciente

Me vi, em meio às indagações da tua genialidade Fascinada pela expressividade gritante dos teus escritos

Senti!

E se aprouve o meu olhar ante a tua obra

Tamanha a profundidade do teu sentir

E sentias tanto que vi daqui

Tão sutil nas linhas e entrelinhas

Que você, divinamente, coexistia.

E no emaranhado das tuas palavras

Ora regadas da simplicidade

Ora aparatadas do mais sublime adorno intelectual

Perdida, por vezes, me encontrei em ti

Em muitas das tuas epifanias há tanto de mim

Nos teus romances atemporais

Uma grande dose intimista

De uma mente insaciável e prolixa

Oh, doce Clarice!

Queria eu a sorte de noutro tempo ter existido

E que fosse no teu, tão somente

Quer fosse por um instante em tua companhia

Ou eternizada numa personagem das tuas tramas

Queria eu o deleite de presenciar a tua, inquestionável, maestria Em dar voz às mulheres

Joanas, Luizas, Cristinas e Zildas

Aprisionadas em seus contextos sociais

Tolhidas em imposições tradicionais

A tua sabedoria exalava o cheiro bom da liberdade

E havia sapiência até no teu silêncio

E quem se atreveria a ler o teu olhar?

Tamanha a tua complexidade de ser

Tão eloquente e intensa

Um misto intrigante de Clarice — clareza e mistério

Então, é sabido que vives

Consubstanciada em tuas obras

Há fragmentos, inestimáveis, da tua existência

Imortalizados em cada linha

E tu, Clarice, renasces a cada nova perspectiva

Inesquecível, tal qual a tua obra.

Acarla
Enviado por Acarla em 07/02/2023
Reeditado em 22/04/2024
Código do texto: T7713904
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