A Borboleta
Vou pegar carona nas asas
de uma borboleta
e cruzar os hematomas
de verão
Não vou temer a morte
muito menos contar com a sorte
Quero pousar em terras quentes
onde os dias exalam desejo
e as noites conspiram adultério.
Borboleta amiga minha
Leve-me à casa da mulher das linhas
A mulher dos trapos e das rendas
Que faz da agulha um pincel
da veste íntima uma tendência
do simples sorriso um convite
Ficarei em frente ao seu portão
Embriagado
vou gritar meu desafeto
estapear sua moral
e reivindicar o que cobiço.
Borboleta amiga dela
Que do ombro fez sua morada
Leve-me até lá:
ao ombro
aos seios
à boca
às nádegas
à vulva
e à mente.