MINHA MÃE, REDENÇÃO DE AMOR

Todos os dias era a mesma coisa...acordava e ela já não estava mais lá.

Minha mãe levantava cedo, deixava tudo pronto e saía para o trabalho.

Travava sua batalha diária, atrás de um balcão que servia de trincheira, na luta para ganhar o pão e aliviar nossa pobreza.

Mas, eu também tinha minha guerra...meu maior inimigo, sua ausência mãe.

À noite, já cansada, ainda resistia ao sono e ao corpo "surrado" para cuidar do que faltava para o outro dia, já que meu pai também trabalhava.

Abraço, cheiro na cabeça e a velha pergunta de "como foi seu dia..." era algo raro em nosso cotidiano.

Atravessei a infância e adolescência sem entender como as outras mães arrumavam tempo...

Sofri desejando ter minha mãe, quando na verdade, ela nunca tinha saído do lado.

A vida decidiu me explicar tudo.

Minha mãe nasceu pobre, sofreu com a dureza da antiga educação...sem conforto nem mordomias, só queria nos dar dignidade.

Mãe, eu te amo...quando criança só queria você um pouquinho mais.

Hoje, adulto, homem feito, cabelos branqueando, querendo imitar os seus, percebo que tudo que passou, também te feriu. A saudade de nós, o desejo de estar mais perto, pôr no colo e dizer o quanto nos queria bem.

Chego hoje na sua casa e sou recebido com um rosto que sorri por inteiro...boca, olhos, rugas, tudo sorri.

Ficar na ponta dos pés pra me alcançar em um abraço, te coloca mais alto que qualquer céu.

Faz questão de pôr minha comida no prato, de cuidar de mim nos mínimos detalhes, na tentativa de recuperar o tempo e os momentos perdidos...tudo isso me faz perder a noção de tempo, fico sem saber se tenho 42 ou 08 anos. É tão bom.

No mundo há tantas mulheres maravilhosas, mas, eu não escolheria outra para o seu lugar...tinha que ser você.

Minha "véinha"

Meu anjo

Minha mãe.

ANDRÉ L C MELO
Enviado por ANDRÉ L C MELO em 06/02/2023
Código do texto: T7712652
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