CORPO DE DELITO
Fazer poema é uma arte marginal.
Por isso muito cuidado, ó poetas da praça,
que perpetrar poema é uma desgraça.
A poesia aliena
e às vezes até alucina
como a maconha
ou a cocaína.
Tanto quanto possível
aonde houver poetas e poemas
cabe às autoridades reprimi-los.
Porque se trata de ação clandestina
arquitetar estrofes por escrito.
E o poema é o corpo de delito.
Autor: Ayrton Pereira da Silva nasceu em 1936 no Rio de Janeiro. Procurador do Estado aposentado. Publicou poemas em diversas revistas literárias e em antologias.