AMIGO PARCEIRO
Amigos, amigos mesmos, tive-os bem poucos. Sobram dedos na contagem. O tempo a tudo revela, a tudo desgasta. Como um tecido velho consumido pelas traças assim se irão nossos dias e no final apenas restarão um banco, um jardim e pássaros na praça.
Amigos são ingratos, devo tê-lo sido também, perfeição não existe, existe aquele que nos quer bem. Irmãos brigam, quanto mais amigos. Não são nem parentes. Fofocas, intrigas, ciúmes, desunião. Mas que coisa boa, quanta falta nos faz um amigo de verdade, aquele que não sendo de sangue é mais que parceiro, mais que família, amigo de coração.
Mas que coisa, que mania essa minha de falar em versos, em poesia coisas sérias.
É coisa de nordestino. Por ser de lá, por ter bebido tanta água de cacimba,
enamorado moças bonitas vestidas de chita, reescrito sobrevivente minha sina,
e vencido a morte certa, a morte feia, devo ter vindo com um asopro, um aboio, um pouco de poesia nas veias.