Quem sou eu?

QUEM SOU EU? Esta deveria ser uma coisa fácil de responder, pois afinal todos deveriam saber quem são e não terem problemas para responder a essas três palavrinhas. Mas não é. Comigo tudo é complicado, até mesmo responder sobre quem eu sou.

Quando eu me pergunto quem sou eu, posso ser quem pergunta, mas também posso ser quem não sabe a resposta. Mas e se eu revelar quem sou posso correr o risco de não ser amada pelo que sou – até mesmo eu posso me desencantar de mim – e ser eu é tudo o que eu sou. O que mais tenho além de mim mesma?

Não sou boa de contar histórias, caso contrário seria muito simples discorrer sobre mim. Também creio que é muito tarde para aprender agora, mas tenho necessidade, preciso falar, então vou deixar esta pergunta sem resposta por enquanto, quem sabe mais adiante possamos volta a esta questão. Sinto-me melhor assim para iniciar.

Penso que se fosse uma escritora as palavras fluiriam com facilidade, mas como não sou e sempre tive aversão de redação, as palavras fogem e o pensamento trava. Mas como não tenho intensão de tornar pública esta história, então permito-me divagar e me aventurar na fantasia literária.

Reconheço que quando as pessoas contam a própria história, colocam-se no papel de protagonista e ninguém quer exercer o papel de antagonista – isto é compreensível – embora em alguns capítulos da nossa vida seja esse exatamente o papel que exercemos na vida. Para entender o que quero descrever, precisamos viajar de volta no tempo e conhecer o meu mundo tangível, um mundo alheio às ilusões.

Fico pensando no que eu seria mesmo boa, já que não tenho o dom da escrita, nem da oratória, nem do comércio... me surpreendo analisando-me em qual área eu me sobressairia com excelência. Tenho esperança de ainda descobrir se sou realmente boa e no quê, e quando eu descobrir, terei grande satisfação em registrar. Porém esse é um assunto para outro momento.

Acho que todos temos algo que possa ser útil para alguém. Mesmo alguém comum, de uma vida simples, de solitude, uma vida que não inspiraria um livro, um filme ou uma novela. Pessoas comuns como eu, não são sedutoras. Não me interpretem mal. Sei que todas as pessoas têm uma existência fascinante com um quê de magia. Eu também encontro fascínio na vida, no ato de viver. A magia da vida me encanta.

Entretanto temo imensamente estar no momento da vida que intimida as pessoas: o momento de preencher os meus dias revivendo as minhas memórias e tentando imaginar o quanto me resta de futuro e o que ele me reserva, quando olho pelo retrovisor da minha vida e me deslumbro com eus que muitas vezes desconheço.

E como a minha história começou? Eu não me lembro. Todos nós só sabemos do início através das histórias que nos contam. Então as nossas histórias estão dentro de outras histórias.

[...]

Trecho de

Minhas memórias: Para depois que eu partir

Umbelina Marçal Gadelha

Umbelarte
Enviado por Umbelarte em 03/02/2023
Código do texto: T7710959
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