Coração Leve
Parei o carro na rua lateral da padaria, olhei pra bela e falei;
- Papai vai só aqui rapidinho e volta já.
Desci e travei o carro, me dirigi até a padaria, estava um jovem musico tocando e cantando em frente à porta. Cantava bem, mas o violão não ajudava muito. Entrei, fui pra fila esperar minha vez de ser atendido, pedi uma tapioca com café pra viagem, desde a pandemia adquiri o habito de tomar café no carro na companhia da bela, fui pagar no cartão e pedi que a moça do caixa arredondasse pra que eu pudesse dar um trocado ao musico, ela me falou que não podia, pois a operadora do cartão cobra uma porcentagem em cima da compra. Entendi e agradeci, sai da padaria e o musico cantava Jota Quest.
Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria
Em estar vivo
Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar
Me dizendo que eu sou o causador da tua insônia
Que eu faço tudo errado sempre, sempre.
Parei e escutei até ele finalizar a musica, entreguei pra ele a tapioca e o café. Ele agradeceu dizendo;
- Valeu meu brother, gratidão...
Olhei pro violão surrado e comentei;
- Cara, você canta bem, mas esse violão não tá lhe ajudando.
Ele respondeu;
- É que tá faltando uma corda.
Olhei e faltava a sexta corda, fui pro carro onde a Bela me esperava, destravei, abri e quando entrei ela me cheirou e depois me olhou como se perguntasse; - Cadê nossa tapioca?.
Liguei o carro, ao chegar em casa, desci, abri o portão, fomos recepcionados por Zumbi e Dandara, Bela entra e começa a brincar com Zumbi. Vou até a sala, abro o armário e pego um encordoamento. Ao sair a Bela fica olhando pra mim, tipo; Papai não vai me levar? Olho pra ela e falo;
- Papai volta já.
Volto à padaria e entrego o encordoamento ao musico, que olha maravilhado como se tivesse tendo um delirio. Sorri pra mim, estende a mão dele que eu aperto um tanto constrangido pela higiene, mas pra mim é uma grande desfeita não aceitar um aperto de mão, seja de quem for, imagine de um musico. Enquanto aperto sua mão ele diz segurando e balançando o encordoamento com a outra;
- Brother, isso aqui é um sonho.
Sorrio, entro na padaria, peço uma tapioca com café, sento-me em uma das mesas e tomo meu café tranquilamente. Ao sair ele estava trocando o encordoamento, olha pra mim e pergunta;
- Brother, como é seu nome?
- Claudo.
- Claudo, o meu é Carlos Eduardo. Você me fez ganhar o dia, gratidão meu irmão.
- Carlos, você da pro mundo o que ele mais necessita “musica.”
Volto pra casa com um sentimento que há muito não sentia, aquela paz que deixa o nosso coração leve...