O MAR E EU...
É noite ainda.... quase madrugada talvez...
Caminho pelas ruas escuras, de chão batido,
sem pressa de chegar...
É um vilarejo de pescadores
que deixam seus barcos na praia deserta, ou no mar
atracados, à espera dos peixes alí abundantes.
Apenas alguns moradores, e,
veranistas atraídos pela beleza do lugar
agora em profundo sono...
E eu a caminhar...
Sinto o frescor no rosto e seu odor
misto de marisia e mato nativo
que ladeavam o caminho tosco até a praia.
Já ouço o marulhar das ondas
batendo na areia, num ir e vir eterno.
E eis que surge o mar... imenso, misterioso,
não me deixando ver a linha do céu,
pela escuridão.
Estrelas poucas. Parece que elas se escondem no verão!
Desço, tiro as sandálias e deixo as águas
molharem meus pés...
Um arrepio gélido percorre meu corpo
e uma sensação de pequenês o atinge
diante o infinito de águas à minha frente...
De repente, outra sensação: a da solidão,
não medo, mas certeza de impotência diante
aquela imensidão misteriosa, e me dou conta
da insignificância do ser humano...
Caminho pelas areias, a maré hoje está baixa
e posso adentrar tranquila, ao longo das areias
desertas, apenas ouvindo o som das ondas
que vinham, beijavam minhas pernas e retrocediam
ao seu ritual de ganhar forças e voltar...
Como amo caminhar na areia!
Me renova. É como se deixasse para trás, a cada passo,
o peso dos problemas do dia a dia
que todos temos que enfrentar...
Retomo o caminho de volta.
Deixo o mar, as areias, a solidão
e o frio da brisa marinha que já anuncia
estar chegando um novo dia, muito em breve!
E volto para casa, certa de que
o verão passa, a vida passa, as pessoas passam...
Não o mar!
Esse é eterno e acalentará muitos corações ainda
dos que pisarem suas águas e sentirem
na alma, a gratidão do sal da vida!