Naturalis Legatum
Os forasteiros do tempo abraçaram desertos
Viram os céus de tantas cores e noites sem estrelas
Deixaram pegadas eternas e lugares sem soluções
Tiveram fome e também bonança
Em lugares que ninguém diria ter
A vida se rebusca ao passo que o espírito se forma
Os atravessadores de mares procuravam ver alem do horizonte
Dias desacreditáveis, ventos preguiçosos, mares sem direção
Existem vezes que a vida parece parada
Mas lá no fundo as correntezas ditam a direção
Em algum lugar o sol se põe e nos seios do mundo nasce à escuridão
A vastidão nos olhos de quem parece jovem ver o infinito
Mas o velho sábio sabe que é um fragmento de poeira cósmica
Dormindo no colo do mundo
Vagando sobre o sol
Rastejando em superfícies ásperas
Como um pedinte com ouro nas mãos
Os ancestrais adubaram a terra e hoje somos flores
Não, não foram embora
Somos um instante de todos
E um pouquinho de nós mesmos
Do eterno que nos atravessam
Do espírito elementar
Algumas vezes tem começo
E outras vezes...