"EU ACHO A MORTE UMA SACANAGEM"
Eu acho a morte um negócio abominável.
Eu acho uma sacanagem, uma injustiça.
Impossível de se conviver com isso.
Agora, por algum motivo, o ser humano tem uma mágica que ele continua em frente.
Talvez ele continue em frente por quem ficou.
Eu me lembro que eu fazia discos, montava shows porque eu queria que meu pai gostasse de show.
Queria que meu pai gostasse do disco.
Então quando meu pai morreu, eu falei:
"Pô, agora não tem sentido mais."
E por algum motivo, cara, você levanta e faz de novo.
A dor passa... isso é uma frase do Drummond:
"A dor passa, mas não passa ter doído."
Aquilo fica para sempre em você.
Aquele buraco não é preenchido, mas, por algum motivo, você levanta, né.
E talvez essa seja uma sabedoria da vida que a gente não consegue compreender.
Não tem como mostrar meu disco pro meu pai, mas eu tenho como tocar violão pro meu neto.
Não que um substitua o outro, nunca vai substituir, mas é quase que um dever seu seguir em frente.
Na verdade, cara, tudo é uma invenção humana.
A gente inventa coisa pra poder sobreviver.
Já que é uma invenção, é melhor inventar a alegria, né.
Autor/cantor: Oswaldo Montenegro, é um músico brasileiro. Além de cantor, compõe trilhas sonoras para peças teatrais, balés, cinema e televisão.
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