EIS O SAGRADO
Não acho correta a ideia de se ter o monopólio da verdade. Qualquer verdade. Por isso sou oposição a quem diz que tem a fórmula de Deus, qualquer forma de Deus. É quando o homem exerce sua maior arrogância, de se nominar mensageiro, corretor, tradutor de suas vontades, fiscal de suas leis, arauto de sua poesia. Sou da tese de que o atravessador é o deselegante corvo que, ignorante de toda a beleza, tenta dar nome e sentido numeral a tudo aquilo que não foi feito de matéria de se decifrar. Eis o sagrado: aquilo que de tão belo, ainda não se vê; de tão alto, ainda não se mede; de tão perto, não se aparta do olhar de qualquer menino, seja ele homem ou mulher.